É tudo tão difícil de entender!
Pintaste a tua cara de alegria, duma alegria redonda, perfeita para dias felizes. Pintaste o dia de azul, dum azul quase vivo, como se ele tivesse participado na claridade do início do mundo. Respiraste o ar puro e ligeiramente ácido com aroma a laranjeiras. O teu olhar nascia a cada segundo, como para dar vida à natureza. O dia pareceu-nos eterno. Foi eterno até que acabou. Os dias são eternos quando olho para ti. Os teus olhos são eternos quando olhas para mim. A luz clara do amanhecer iluminou o teu rosto e tu ficaste como o sol, cheia daquela luz que cega se olhada de frente. Quando o dia decai, as tuas mãos desenham sentimentos perdidos com a voracidade dos deuses da sobrevivência. Eu escrevo poemas de amor em folhas verdes de árvores virgens e frondosas. Dizes-me para ter cuidado com as metáforas pois elas matam o amor. Eu digo-te que o amor também mata as metáforas. Depois sorrimos. Os sorrisos são metáforas e não matam o amor. É tudo tão difícil de entender!