Como se tudo fosse inverosímil
Alguém vem detrás do mundo e estremece até cegar. Tem as mãos densas de nevoeiro e diz: amo docemente os amigos que são infelizes, aqueles que se extinguem no meio do sono apaixonados pelo silêncio e pelas cabeças de pedra das estátuas que fazem guarda nas portas da loucura e também os que gravitam na cegueira dos estandartes e das campânulas de vidro dos que participam na redenção dos profetas e que por isso são eternos nas imagens queimadas e nos vestidos pintados das mulheres que amadurecem prodigiosamente ao deslocarem-se para sul. Não há mais nada a não ser a inocência triste do pavor, como se alguém pregasse uma luz oculta debaixo dos dédalos que sobrevêm sem imagens. Ou melhor, sem a sua dilatação resplandecente. Por isso introduzimos as palavras nos campos e nas casas como se tudo fosse inverosímil.