Mantenho a recusa de sentir...
Mantenho a recusa de sentir as planícies desordenadas, de olhar os reflexos do fogo, de ceder à tortura do desgosto, de deixar de contemplar a continuidade viva das folhas das acácias. Tu preferes reter a surdez do vermelho, elogiar a banalidade dos violinos, ou memorizar a frivolidade do jogo das proporções. Todo o género é relativo. Toda a poesia é inútil. Todo o espelho é arbitrário. Um dia alguém fixará a pureza secundária dos objectos. Então o desenho da cor azul triunfará sobre as superfícies sólidas da prepotência. Um dia alguém amará os ancestrais caminhos que levam os animais a beber ao rio e não os carros que entopem os acessos aos hipermercados.