O cão vadio
“Não surpreende pois que certas pessoas tenham tentado explicar o sucesso extraordinário de um homem medíocre como Hitler, vendo nele um instrumento de forças sobrenaturais, leia-se magias, ainda para mais quando ele próprio alimentava essas crenças ao fazer referência às suas inspirações «transcendentais». Se não tivermos em consideração as desordens da época, a ampla difusão e interiorização das ideias nacionalistas e anti-semitas radicais, bem como os incontestáveis dons oratórios do «pequeno cabo», a sua rápida ascensão pode, de facto, parecer «sobrenatural», sobretudo se lermos o retrato que dele fazem os seus contemporâneos. Um «especialista» em questões raciais de Munique, descreveu-o do seguinte modo: «Rosto e cabeça próprios de raça bastarda, mestiça. Testa baixa e metida para dentro, nariz feio, maçãs do rosto grandes, olhos pequenos, cabelos escuros. Um pequeno bigode em forma de escova, da largura do nariz, imprime ao rosto um ar particularmente provocante. A expressão não é a de um homem senhor de si mesmo, mas de um excitado extravagante.»
(…) Assim, o capitão Karl Mayr – que dirigia, desde 30 de Maio de 1919, o serviço de informações, incluindo a secção de propaganda e de instrução do comando militar na Baviera – escolheu Hitler devido à sua excelente conduta durante a guerra mas, também, por piedade – como escreveria mais tarde; foi da sua autoria a comparação de Hitler com um cão vadio.”
Hitler – Marlis Steinert – Verbo