01
Jul06
A exaltação da espera
João Madureira
Salpicado de nervos observo tangencialmente a exaltação da espera.
Dizem que quem espera desespera, mas também há o outro lado da moeda.
A espera de quem espera é bastião de ausência, meditação de princípios, observação de limites, meditação dos contrários, redenção dos sinais, resumo da expectativa, artifício do olhar.
Tudo se mede na exuberância do tempo, na distância dos sentimentos, na criação do futuro.
Alguém põe perpetuamente exuberância nos aspectos, sinuosidades nos lamentos, alegria na tristeza.
Ao fim da tarde o jovem desliza até ao rio para pôr paz nos aspectos.
As sombras afiam-se de encontro às árvores.
E as árvores, por fim, desfilam na imaginação das pedras.
Finalmente podem dormir em paz o homem mais a mulher.
Abençoado seja o sortilégio da memória e a alegria dos humanos.
Agora já posso ir com o vento.