A partir de 1921, a Rússia transformou-se no país dos “carimbadores”. Tinha duas vezes mais burocratas do que trabalhadores. A Ditadura do Proletariado consumou-se como Ditadura da Burocracia. E, a partir daí, desenvolveu-se.
O centro de Moscovo tornou-se num monumental amontoado de repartições públicas, constituído por comités, conselhos, departamentos e comissões. Uns sobre os outros. Andar em cima de andar. Prédio após prédio.
Começou-se então a planificar a economia.
Enquanto a economia tendia a definhar, o funcionalismo prosperava. Na Rússia, a falta de combustível, por exemplo, era cíclica. No entanto, existia um exército de funcionários dedicado a estudar como ele poderia ser entregue e onde.
Não havia papel nas lojas, pois noventa por cento do papel produzido pelo país era consumido pela administração.
Nas fábricas, a burocracia revelava-se igualmente ineficaz. Em 1920, para cada cem operários existiam dezasseis funcionários administrativos dedicados à papelada referente à produção. Mas havia ainda casos mais caricatos: na famosa metalúrgica Putilov, dos sete mil empregados, apenas dois mil faziam trabalho braçal, os restantes dedicavam-se à espinhosa tarefa da administração e empreitadas afins.
Trabalhar na burocracia tinha muitas vantagens, pois permitia o acesso facilitado a víveres e a outros produtos escassos. Por isso, o número de parasitas crescia à medida que a crise económica se aprofundava.
Empregaram-se então os denominados pequeno-burgueses com alguma preparação académica, sobretudo nas cidades de província. Passaram a ter incumbências triviais. O seu trabalho consistia em passar papéis de um lado para o outro.
Mesmo na gestão das indústrias, apenas um terço dos funcionários eram operários.
O dia típico de um funcionário do estado proletário russo consistia em ouvir e comentar mexericos nos corredores, tomar café e fumar cigarros. E também, é bom que se diga, nas filas de distribuição de rações exclusivas para a elite do país.
Os cargos burocráticos mais importantes eram sempre exercidos por homens do Partido.
Nas províncias, a agilidade e a competência eram tão reduzidas que qualquer pedaço de papel que tivesse um selo e uma marca de carimbo vistosa era identificado como documento oficial.
É famoso o caso de um inglês que conseguiu cruzar a Rússia usando como passaporte a conta do seu alfaiate na Jermyn Street, pois possuía uma bela caligrafia, um grande carimbo vermelho e a assinatura do alfaiate.
Numa escola de formação para jornalistas vermelhos, nenhum dos alunos de uma determinada turma conseguiu responder quem eram Lloyd George ou Clemenceau. Alguns diziam que o imperialismo era uma república localizada num lugar da Inglaterra.
Quase todos os camaradas bolcheviques passaram a ser ex-camponeses e ex-operários. Embora pudessem declamar mecanicamente algumas frases marxistas, não dispunham de educação suficiente para pensar pela própria cabeça ou questionar os líderes do partido sobre questões políticas abstratas.
O marxismo foi para eles um dogma funcional que lhes fornecia uma explicação “científica” sobre a injustiça social que eles próprios tinham vivido. Eram por isso militantes obedientes. Os bons camaradas faziam sempre o que lhes era ordenado. E ficavam satisfeitos em deixar todo o pensamento crítico a cargo do Comité Central.
Por isso mesmo Lunatcharski encheu o Comissariado da Educação de amigos e apaniguados. Até Lenine distribuiu vários postos do Sovnarkom por familiares e amigos de longa data.
Krupskaja foi nomeada vice-comissária de Educação. Anna Ulianova, irmã de Lenine, passou a cuidar da assistência à infância, e o seu marido, Mark Elizarov, ficou com o poderoso Comissariado do Povo para os Caminhos-de-Ferro.
Estaline, o raposo bolchevique, porque reinava no Ogburo, indicou nomes para muitos dos principais cargos existentes nas províncias. Dessa maneira montou a teia com que apanhou e eliminou todos os seus camaradas que faziam parte do Comité Central do Partido Comunista em outubro de 1917. Nem um escapou.
O insuspeito escritor comunista, Máximo Gorki, escreveu a Ekaterina: “Nos tempos que correm, só os comissários gozam de uma existência agradável. Roubam o mais que podem a gente comum e assim pagam as suas cortesãs e os seus luxos nada socialistas.”
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