02
Jun06
Inquietações
João Madureira
As noites calmas de Verão permitem-nos falar e passear livremente pela cidade.
Sorrimos porque estamos bem dispostos, a aragem acaricia-nos a boa vontade, o sorriso das crianças que lambem um gelado da máquina é reconfortante.
Sorrimos como quem respira.
Por vezes os carros e, sobretudo, as motas passam rápido incomodando quem deseja paz.
Mas não há paz nos sentimentos dos aceleras.
Não há paz em quem não pára para pensar.
É sempre a abrir. Sempre no limite da tolerância.
Sempre na fronteira da intolerância.
Perturbam a calma de uma noite sensata.
Não são bem vindos os que fazem do barulho a sua forma de afirmação.
Não nos deixam ter paz.
Eles próprios não a conseguem
Nem paz, nem harmonia, nem sensatez.
Um mundo feito à sua semelhança é como o inferno mas com diabos aos pares.