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Abr06
A amargura nítida das margens da noite
João Madureira
É a noite eterna amiga dos solitários.
O rio ali ao lado consome incêndios interiores.
Invejam os pássaros a volúpia dos humanos.
Descobrimos alternativas proféticas nos ramos das árvores.
Incendeiam-se olhares em quartos mal iluminados e insatisfeitos.
Nada, mas mesmo nada, nos separa da desditosa sina dos encontros.
A alma que nos segue foge por instantes para gozar a liberdade do prazer.
Bendita seja a angústia dos ausentes.