Ai a tontura do deserto, a iluminada meditação da luz e da areia. A tontura da sede, a febre do céu. O mel das noites árabes. Também já fui berbere. Por isso te amei num oásis de palavras doces e frescas. Descobri nos teus olhos, que eram outras tantas estrelas, o meu mapa astrológico. A luminescência dos alperces amadureceu-me a solidão. Na órbita dos nossos corpos giraram então astros indefesos. É esse o destino dos mares interiores, estenderem-se pela memória como serpentes emplumadas. Das tuas mãos caem rosas feitas de fios de seda. As nossas bocas ficam sedentas. Depois voltamos à cidade. Que é outro deserto. O deserto da desvelo. Fico com o corpo coberto por uma linha azul. O deserto é agora uma folha de papel cheia de texturas desenhadas a tinta-da-china. Uma maré de crepúsculos invade-me o sexo. Cruzam-se as palavras com os pássaros migradores. O espaço é outro corpo coberto de desejo. O sonho deriva do delírio. O dia foge de nós como um objecto estranho. A noite germina na insónia da sobrevivência. O tempo perde-se no tempo que procura um outro tempo. Viajamos agora pelas paredes brancas do quarto. O deus da volúpia tornou-se perigoso. Os corpos cansados imaginam a morte. Outro será o tempo para morrer. Pássaros incertos embalsamam com os seus voos as paisagens da memória. Outro será o tempo de esperar. As claridades humildes cantarão viagens inseguras. Contigo adormeço a pensar nos relâmpagos. Em ti pouso o pensamento. Outra é a lógica das peregrinações interiores. Amacio a minha pele nos teus lábios ansiosos. Nós abatemos a tiro de palavras a obscenidade e a infâmia. Ardem as cidades que habitam dentro dos livros infelizes. Deles fogem os animais assustados. Desta vez Noé construiu um foguetão. E da sua boca saem equinócios de espanto.
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