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TerçOLHO

Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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18
Mai11

O Poema Infinito (48): tempo indigno

João Madureira

 

vivemos tempos indignos onde os aprendizes de feiticeiro se escondem da razão debaixo das pedras do poder e a miséria de novo aí vem erguendo lagartos ao sol por isso dizes que os métodos do vento são antigas fórmulas de palavras douradas pelas sementes do silêncio e o silêncio volta à superfície para sentir o corpo do mar onde ainda pesa o sal e a luz verde e de novo o corpo cai em cima da idade e a superfície da idade produz um sismo da mesma intensidade do voo dos pássaros e o destino volta a ser a extensão infindável do sonho dos homens e um outro fogo sobrevoa as planícies escritas pelo suor dos camponeses daí as tempestades tolherem a árdua escrita dos poemas furiosos onde os relâmpagos incendeiam as searas do desejo onde a arte dança inebriada pelo fogo líquido dos alquimistas e onde deus é a efémera alegria das sombras por isso as flores rejeitam o nascimento de mais pétalas e os colibris exaustos suspiram por voos normais e os verdadeiros feiticeiros agravam o impossível regresso do paraíso e os gnomos com gestos desenfreados abrem a sua pele numa tentativa de remediar o mal esse é o conhecimento do inferno onde os inocentes choram o engano de deus e as palavras estilhaçam o pudor e consomem a verdade numa paz de fragmentos onde cristo expõe de novo as suas chagas para espanto dos seus fiéis seguidores que mais uma vez exaltam a fragilidade da sua religião interior como se isso fosse um milagre consumado enquanto perdemos o céu e a chuva e o sol das invectivas da fé só aí os dedos desgastados pelas carícias limpam as lágrimas dos amantes separados enquanto os pecadores engolem os espinhos da luz da redenção enquanto os apóstolos conduzem o seu rebanho ao despenhadeiro da esperança e as bocas amanhecidas pregam o abandono e a solidão por isso se perpetuam os infernos como tesouros estragados de dor e a ilusão conserta rostos sulcados de rugas enquanto a ausência incendeia as raízes insidiosas da lógica e da razão enquanto alguém rouba felicidade dos falsos abismos são esses os deuses ilegítimos da eternidade

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