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Este é um espaço dedicado às imagens e às tensões textuais. O resto é pura neurastenia.

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19
Nov06

Mendigos

João Madureira
2004_0918chavestarde0074.JPG

Têm agora os pedintes direito a fila para a esmola.
Por causa do seu novo estatuto profissional e remuneratório, quem quiser dar esmola a um pobre tem de se por na fila e esperar a sua vez.
No seu novo contrato de trabalho, os mendigos passam a ter direito a férias, décimo terceiro mês, progressão na carreira por mérito e avaliação anual do desempenho. Podem também passar recibo que abate na declaração de IRS. Muitos deles vão mesmo poder ingressar na Função Pública, só que com perda de alguns direitos.
Por seu lado, os católicos vão poder progredir mais e melhor nas suas carreiras religiosas se derem esmolas substanciais, mas, sobretudo, se elas forem aplicadas no fomento do emprego, na revitalização da economia e no desenvolvimento das novas tecnologias postas ao serviço da comunidade, especialmente na transmissão das missas de domingo via Internet.
Aqui os benefícios são doados em géneros ligados à liturgia eclesiástica e, sobretudo, à aposentação a que todos passam a ter direito depois da morte. Dado que, com este governo, as reformas só vão poder ser gozadas depois da passagem à vida eterna.
Tal facto desencadeou já um protesto por parte dos agnósticos que, por não gozarem desse estatuto especial, se encontram num beco sem saída. Ou deixam de ser agnósticos e se convertem ao cristianismo, para assim passarem a ter os mesmos direitos constitucionais, ou permanecem na sua teimosia e ficam fora deste novo contrato colectivo de trabalho. O que é manifestamente antidemocrático e, até, uma intolerante intromissão nas crenças, usos e costumes, ou seja, na esfera privada de cada cidadão, seja ele católico ou não.
Contactado o sindicato dos mendigos, declarou que tal discriminação não lhes pode ser imputada, pois, para os seus sindicalizados, todas as esmolas são bem vindas, independentemente das crenças religiosas, filosóficas ou clubísticas dos benévolos dadores. No entanto dizem constatar que é às portas das igrejas, especialmente aos domingos, que os seus associados recebem as melhores esmolas. Algumas até substanciais. Nomeadamente quando se trata de políticos em tempo de campanha eleitoral e quando acompanhados da comunicação social.
Os mendigos homossexuais também já se manifestaram dizendo que continuam a ser discriminados, nomeadamente quando se encontram a pedir esmolita nas entradas dos templos. Idênticas preocupações foram referidas pelos sindicatos ou associações socioprofissionais dos transsexuais, prostitutas, africanos e ciganos.
A comunidade islâmica, sedeada no nosso país, também já tomou posição referindo que quando se encontram de turbante a pedir esmola à porta das igrejas católicas, muitos dos que lá penetram lhe dizem baixinho para irem pedir esmola para a entrada das mesquitas e que alguns deles até os insultam, comunicando-lhes para irem para a p.. que os pariu ou mesmo para as suas terras, onde estão as ditas.
Antes do alinhamento do final desta missiva, recebemos um e-mail do Ministério das Finanças a desmentir a possibilidade dos mendigos do sector privado ingressarem na função pública porque, e passamos a citar “ de pedintes estão os vários quadros de pessoal repletos”. E acrescenta: “Nada nos move contra esses profissionais, no entanto, e como muito bem diz o nosso povo, o que é demais é desgoverno, e se o povo português nos concedeu a maioria absoluta foi para governar e não para fazer o contrário, como foi apanágio dos sucessivos governos que nos precederam.
A bem da Nação”.

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